quinta-feira, 17 de setembro de 2015
quarta-feira, 16 de setembro de 2015
Aylan Kurdi e o menininho de Dostoiévski
A imagem vinda à mente foi do conto de Dostoiévski
(1821-1881) – “A árvore de Natal na casa do Cristo”, onde havia um “menininho”,
como era chamado, com 6 anos. Aylan Kurdi, era o menino sírio de 3 anos
encontrado morto numa praia da Turquia dias atrás. Os dois meninos estão separados
por 139 anos, contudo, as denúncias são análogas e próximas de nós, mas
invisibilizadas por muitos.
A morte de Aylan é fruto de uma guerra atroz na
Síria há anos e recém-arrasada pelo “Estado Islâmico”. A família Kurdi, desesperada
fugiu para não ser tragada pela guerra, mas acabou tragada pelo mar. Na
história de Dostoiéviski, é denunciado um contexto social desumano, após o “menininho”
se deparar com a morte da mãe num porão frio numa manhã de Natal. O “menininho”
busca espaço numa sociedade abastada, contudo ignorante ao sofrimento alheio. Vê
pessoas aquecidas e divertidas, mas ninguém o permite desfrutar um pouco de toda
fartura. Aylan e o “menininho” retratam sociedades indiferentes e “encurvadas
em si mesmas”.
O irmão de 5 anos e a mãe de Aylan, morreram na
travessia infausta do mar, sendo o pai o único sobrevivente. Aliás, dezenas de
crianças, homens e mulheres perecem pela inabilidade humana de procurar a paz e
empenhar-se por alcançá-la. Creio que a comoção por Aylan teve a ver com o modo
como ele foi encontrado na beira do mar, como se estivesse dormindo de bruços,
enquanto o “menininho” de Dostoiéviski foi achado morto junto a um monte de
lenhas. Tais histórias entrecruzam-se e apontam precisa reflexão sobre a
humanidade e nossas expectativas sobre ela.
O consumismo desenfreado corre célere atualmente. O
tempo presente coisifica pessoas e personifica coisas. É preciso refletir sobre
os rumos da humanidade. Não podemos crer que isso seja um problema de lá, do
Oriente Médio, da Europa ou de outro lugar. Tal realidade bate à nossa porta.
O “menininho” de Dostoiéviski reencontra sua mãe no
céu, onde diz que lá terá o que não teve em vida, como a árvore de natal que
ele viu na vitrine e não pode se aproximar. Existe um possível hoje e
precisamos fazê-lo sem contemporizar, não vivendo tão concentrados na
satisfação das vontades, nem tampouco exercendo uma fé apenas para o além, no
imponderável céu.
Deste modo, hoje, ouviremos deles: “porque eu tive
fome, e vocês me deram de comer; eu tive sede, e vocês me deram água; eu era um
estranho, e vocês me convidaram para suas casas”.
Publicado em 12/09/2015 no Jornal Notícias do Dia:
sexta-feira, 11 de setembro de 2015
A árvore de Natal na casa do Cristo. Fiódor Dostoiévski
Havia num porão
uma criança, um garotinho de seis anos de idade, ou menos ainda. Esse garotinho
despertou certa manhã no porão úmido e frio. Tiritava, envolto nos seus pobres
andrajos. Seu hálito formava, ao se exalar, uma espécie de vapor branco, e ele,
sentado num canto em cima de um baú, por desfastio, ocupava-se em soprar esse
vapor da boca, pelo prazer de vê-lo se esvolar. Mas bem que gostaria de comer
alguma coisa. Diversas vezes, durante a manhã, tinha se aproximado do catre,
onde num colchão de palha, chato como um pastelão, com um saco sob a cabeça à
guisa de almofada, jazia a mãe enferma. Como se encontrava ela nesse lugar?
Provavelmente tinha vindo de outra cidade e subitamente caíra doente. A patroa
que alugava o porão tinha sido presa na antevéspera pela polícia; os locatários
tinham se dispersado para se aproveitarem também da festa, e o único tapeceiro
que tinha ficado cozinhava a bebedeira há dois dias: esse nem mesmo tinha
esperado pela festa. No outro canto do quarto gemia uma velha octogenária,
reumática, que outrora tinha sido babá e que morria agora sozinha, soltando
suspiros, queixas e imprecações contra o garoto, de maneira que ele tinha medo
de se aproximar da velha. No corredor ele tinha encontrado alguma coisa para
beber, mas nem a menor migalha para comer, e mais de dez vezes tinha ido para
junto da mãe para despertá-la. Por fim, a obscuridade lhe causou uma espécie de
angústia: há muito tempo tinha caído a noite e ninguém acendia o fogo. Tendo
apalpado o rosto de sua mãe, admirou-se muito: ela não se mexia mais e estava
tão fria como as paredes. "Faz muito frio aqui", refletia ele, com a
mão pousada inconscientemente no ombro da morta; depois, ao cabo de um
instante, soprou os dedos para esquentá-los, pegou o seu gorrinho abandonado no
leito e, sem fazer ruído, saiu do cômodo, tateando. Por sua vontade, teria
saído mais cedo, se não tivesse medo de encontrar, no alto da escada, um
canzarrão que latira o dia todo, nas soleiras das casas vizinhas. Mas o cão não
se encontrava alí, e o menino já ganhava a rua.
Senhor! que grande cidade! Nunca tinha
visto nada parecido, De lá, de onde vinha, era tão negra a noite! Uma única
lanterna para iluminar toda a rua. As casinhas de madeira são baixas e fechadas
por trás dos postigos; desde o cair da noite, não se encontra mais ninguém
fora, toda gente permanece bem enfunada em casa, e só os cães,às centenas e aos
milhares,uivam, latem, durante a noite. Mas, em compensação, lá era tão quente;
davam-lhe de comer... ao passo que ali... Meu Deus! se ele ao menos tivesse
alguma coisa para comer! E que desordem, que grande algazarra ali, que
claridade, quanta gente, cavalos, carruagens... e o frio, ah! este frio! O
nevoeiro gela em filamentos nas ventas dos cavalos que galopam; através da neve
friável o ferro dos cascos tine contra a calçada;toda gente se apressa e se
acotovela, e, meu Deus! como gostaria de comer qualquer coisa, e como de
repente seus dedinhos lhe doem! Um agente de policia passa ao lado da criança e
se volta, para fingir que não vê.
Eis uma rua ainda: como é larga!
Esmaga-lo-ão ali, seguramente; como todo mundo grita, vai, vem e corre, e como
está claro, como é claro! Que é aquilo ali? Ah! uma grande vidraça, e atrás
dessa vidraça um quarto, com uma árvore que sobe até o teto; é um pinheiro, uma
árvore de Natal onde há muitas luzes, muitos objetos pequenos, frutas douradas,
e em torno bonecas e cavalinhos. No quarto há crianças que correm; estão bem
vestidas e muito limpas, riem e brincam, comem e bebem alguma coisa. Eis ali uma menina que se pôs a dançar com
um rapazinho. Que bonita menina! Ouve-se música através da vidraça. A criança
olha, surpresa; logo sorri, enquanto os dedos dos seus pobres pezinhos doem e
os das mãos se tornaram tão roxos, que não podem se dobrar nem mesmo se mover.
De repente o menino se lembrou de que seus dedos doem muito; põe-se a chorar,
corre para mais longe, e eis que, através de uma vidraça, avista ainda um
quarto, e neste outra árvore, mas sobre as mesas há bolos de todas as
qualidades, bolos de amêndoa, vermelhos, amarelos, e eis sentadas quatro
formosas damas que distribuem bolos a todos os que se apresentem. A cada
instante, a porta se abre para um senhor que entra. Na ponta dos pés, o menino
se aproximou, abriu a porta e bruscamente entrou. Hu! com que gritos e gestos o
repeliram! Uma senhora se aproximou logo, meteu-lhe furtivamente uma moeda na
mão, abrindo-lhe ela mesma a porta da rua. Como ele teve medo! Mas a moeda
rolou pelos degraus com um tilintar sonoro: ele não tinha podido fechar os
dedinhos para segurá-la. O menino apertou o passo para ir mais longe - nem ele
mesmo sabe aonde. Tem vontade de chorar; mas dessa vez tem medo e corre. Corre
soprando os dedos. Uma angústia o domina, por se sentir tão só e abandonado,
quando, de repente: Senhor! Que poderá ser ainda? Uma multidão que se detém,
que olha com curiosidade. Em uma janela, através da vidraça, há três grandes
bonecos vestidos com roupas vermelhas e verdes e que parecem vivos! Um velho
sentado parece tocar violino, dois outros estão em pé junto de e tocam violinos
menores, e todos maneiam em cadência as delicadas cabeças, olham uns para os
outros, enquanto seus lábios se mexem; falam, devem falar - de verdade - e, se
não se ouve nada, é por causa da vidraça. O menino julgou, a princípio, que
eram pessoas vivas, e, quando finalmente compreendeu que eram bonecos, pôs-se
de súbito a rir. Nunca tinha visto bonecos assim, nem mesmo suspeitava que
existissem! Certamente, desejaria chorar, mas era tão cômico, tão engraçado ver
esses bonecos! De repente pareceu-lhe que alguém o puxava por trás. Um moleque
grande, malvado, que estava ao lado dele, deu-lhe de repente um tapa na cabeça,
derrubou o seu gorrinho e passou-lhe uma rasteira. O menino rolou pelo chão,
algumas pessoas se puseram a gritar: aterrorizado, ele se levantou para fugir
depressa e correu com quantas pernas tinha, sem saber para onde. Atravessou o
portão de uma cocheira, penetrou num pátio e sentou-se atrás de um monte de
lenha. "Aqui, pelo menos", refletiu ele, "não me acharão: está
muito escuro."
Sentou-se e encolheu-se, sem poder retomar
fôlego, de tanto medo, e bruscamente, pois foi muito rápido, sentiu um grande
bem-estar, as mãos e os pés tinham deixado de doer, e sentia calor, muito
calor, como ao pé de uma estufa. Subitamente se mexeu: um pouco mais e ia
dormir! Como seria bom dormir nesse lugar! "mais um instante e irei ver
outra vez os bonecos", pensou o menino, que sorriu à sua lembrança:
"Podia jurar que eram vivos!"... E de repente pareceu-lhe que sua mãe
lhe cantava uma canção. "Mamãe, vou dormir; ah! como é bom dormir
aqui!"
- Venha comigo, vamos ver a árvore de
Natal, meu menino - murmurou repentinamente uma voz cheia de doçura.
Ele ainda pensava que era a mãe, mas não,
não era ela. Quem então acabava de chamá-lo? Não vê quem, mas alguém está
inclinado sobre ele e o abraça no escuro, estende-lhe os braços e... logo...
Que claridade! A maravilhosa árvore de Natal! E agora não é um pinheiro, nunca
tinha visto árvores semelhantes! Onde se encontra então nesse momento? Tudo
brilha, tudo resplandece, e em torno, por toda parte, bonecos - mas não, são
meninos e meninas, só que muito luminosos! Todos o cercam, como nas
brincadeiras de roda, abraçam-no em seu vôo, tomam-no, levam-no com eles, e ele
mesmo voa e vê: distingue sua mãe e lhe sorrir com ar feliz.
- Mamãe! mamãe!
Como é bom aqui, mamãe! - exclama a criança. De novo abraça seus companheiros,
e gostaria de lhes contar bem depressa a história dos bonecos da vidraça... -
Quem são vocês então, meninos? E vocês, meninas, quem são? - pergunta ele,
sorrindo-lhes e mandando-lhes beijos.
- Isto... é a
árvore de Natal de Cristo - respondem-lhe. - Todos os anos, neste dia, há, na
casa de Cristo, uma árvore de Natal, para os meninos que não tiveram sua árvore
na terra...
E soube assim que todos aqueles meninos e
meninas tinham sido outrora crianças como ele, mas alguns tinham morrido,
gelados nos cestos, onde tinham sido abandonados nos degraus das escadas dos
palácios de Petersburgo; outros tinham morrido junto às amas, em algum
dispensário finlandês; uns sobre o seio exaurido de suas mães, no tempo em que
grassava, cruel, a fome de Samara; outros, ainda, sufocados pelo ar mefítico de
um vagão de terceira classe. Mas todos estão ali nesse momento, todos são agora
como anjos, todos juntos a Cristo, e Ele, no meio das crianças, estende as mãos
para abençoá-las e às pobres mães... E as mães dessas crianças estão ali,
todas, num lugar separado, e choram; cada uma reconhece seu filhinho ou
filhinha que acorrem voando para elas, abraçam-nas, e com suas mãozinhas
enxugam-lhes as lágrimas, recomendando-lhes que não chorem mais, que eles estão
muito bem ali...
E nesse lugar, pela manhã, os porteiros
descobriram o cadaverzinho de uma criança gelada junto de um monte de lenha.
Procurou-se a mãe... Estava morta um pouco adiante; os dois se encontraram no
céu, junto ao bom Deus.
segunda-feira, 29 de junho de 2015
Eu show o que show
É bem conhecida a máxima que diz:
A propaganda é a alma do negócio. Não apenas das coisas, mas de pessoas e neste
sentido a autopropaganda tem se tornado uma insígnia nas relações pessoais na
atualidade (2015).
Na tentativa de receber atenção
dos outros uma parcela expressiva da sociedade tem apelado para todo tipo de
exposição pública, atraindo atenção para si a qualquer preço.
Na internet, há uma chuva de
sites que especulam tanto a vida particular quanto a alheia e na televisão o
que mais atrai as pessoas são as especulações sobre a vida alheia,
especialmente os reality shows que expõe abertamente a vida dos seus
participantes. É o tempo da autoespetacularização, afinal o que vale é ter uns
poucos minutos de fama e reconhecimento público.
O mais interessante é que esta
síndrome da autoespetacularização tem chegado de forma avassaladora na igreja
evangélica brasileira quando até mesmo já são criados produtos específicos para
esta “fatia gospel” do mercado brasileiro.
A grande verdade é que no público
as pessoas parecem ser, mas é no privado que elas de fato são. É dentro de casa
que você mostra quem realmente é, sem máscaras, apenas você mesmo. Fora de casa
você é apenas aparência, que pode ou não ser o reflexo daquilo que vive no
privado. Nesse caminho tenebroso muitas pessoas têm buscado a todo custo,
esconder o caos da sua vida privada. Escondem-se nos discursos, nos bens, nas
viagens, nas roupas, afinal, tudo vale quando o objetivo é parecer e não ser.
Com o avanço da tecnologia e com
a constante e crescente possibilidade das pessoas se relacionarem apenas pela
sua aparência ou por aquilo que possuem o obscurecimento, a ofuscação e até o
desaparecimento da verdade se torna cada vez mais latente. É como usar um
cosmético. Você usa com o propósito de reduzir a ação do tempo e da gravidade,
tentando muitas vezes parecer ser aquilo que não é.
O termo cosmético provém da
expressão grega kosmos que pode significar tanto o mundo ao redor, como algum
tipo de adorno (enfeite). O caos, portanto, é o contrário do kosmo, que
significa grande confusão ou desordem. Na tentativa de encobrir as nefastas
confusões e desordens do cotidiano, muitos procuram se revestir com o melhor
que possam adquirir ou parecer. É uma tentativa desesperada e angustiante de
abrandar o Caos de suas vidas.
Na verdade os cosméticos apenas
aprimoram a aparência de uma pessoa por fora, mas não intimamente. Você é o que
é, e não há nada neste mundo, humanamente falando, que possa mudar o seu
interior. Em 1ª Cor 7.31 lemos que a “...aparência deste mundo passa”,
mostrando-nos que tudo o que se relaciona com aquilo que há no mundo em que
vivemos um dia passa, sucumbe, acaba, se dissipa, afinal “Toda carne é como a
erva, e toda a sua glória, como a flor da erva; seca-se a erva, e cai a sua
flor” (1ªPe 1.24).
Assim, é bem melhor é conhecer a
Verdade e por ela ser liberto, deixando de lado a aparência que é vil e fútil e
passar a viver em plena transparência de vida. A afirmação de Cristo é factual:
“e conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. Esta Verdade nos adverte
com a excessiva preocupação com o exterior e nos aponta o caminho para uma nova
vida que valoriza a essência do ser e que liberta a humanidade do penoso e
opressor jugo da aparência.
Libertemo-nos da aparência,
busquemos a essência e vivamos em paz!
Matheus Felipe Santiago
sexta-feira, 19 de junho de 2015
Venda de igrejas aquece mercado imobiliário
http://www.swissinfo.ch/por/Capa/Archive/Venda_de_igrejas_aquece_mercado_imobiliario.html?cid=5815986
Cada vez mais igrejas na Europa são vendidas a outras religiões ou interessados do mercado privado. Também na Suíça a prática está se tornando cada vez mais comum. Até então as vendas de antigos tempos eram casos isolados. A Igreja Católica e a Protestante têm diferentes regras para o negócio. "Sejam bem-vindos ao meu lar". Philippe Saltarski nos saúda com simpatia. Sua casa está localizada em Le Locle, uma pequena localidade nas montanhas do cantão de Neuchâtel (oeste da Suíça). A mudança ocorreu apenas há poucas semanas. Por isso a sala de estar ainda está um pouco vazia. Uma fila de bancos de madeira espera ser levado ao depósito de lixo. Um antigo órgão foi colocado num canto do salão e ninguém parece ter interesse em utilizá-lo. O sol atravessa as janelas, das quais algumas estão pintadas, e ilumina o ambiente. O visitante até sente um pouco da mística que ainda paira sobre o local. As características incomuns da casa podem ser facilmente explicadas: até pouco, ela era mais um dos templos da Igreja Nova Apostólica na região. Saltarski, um jovem empresário, a comprou em dezembro de 2006 por 280 mil francos. Os padres da congregação, cujo número de membros passou em poucos anos de 100 para 20, não tinham mais recursos para pagar pela manutenção do templo. O mesmo destino sofreu em 2006 o templo de St. Leonhard da Igreja Protestante em St. Gallen (leste da Suíça). Um arquiteto a comprou por "apenas" 400 mil francos. Razão: o prédio necessitava de reformas urgentes orçadas em milhões de francos, o que para a pequena congregação ultrapassava diversas vezes o seu orçamento.
CADA VEZ MENOS PARÓQUIAS
A venda de igrejas ocorre atualmente em toda a Europa. Na Inglaterra, Alemanha e na Holanda templos são reformados e transformados em museus, bibliotecas, cinemas e até mesmo discotecas. Algumas das igrejas também terminam sendo utilizadas como mesquitas pela comunidade islâmica crescente.Na Suíça o fenômeno ainda não havia atingido a mesma proporção dos vizinhos do norte. "Nós tentamos manter as igrejas e suas características, podendo usá-las esporadicamente para atividades como concertos ou exposições", explica Simon Weber, porta-voz da Congregação de Igrejas Protestantes. "A venda de templos ainda é uma exceção", reforça Walter Muller, porta-voz da Conferência de Bispos da Suíça. As declarações não podem, porém, esconder o fato de que as duas religiões perderam um grande número de fiéis nos últimos anos. Em 1970, 95% dos suíços ainda declaravam ser católico ou protestante. Em 2000, esse número passou para 75%. Como no país dos Alpes as igrejas são financiadas pelos próprios membros de cada congregação, a dissociação deles significa automaticamente menos recursos. "Mais dramático do que a perda de fiéis é somente a falta de vocações, ou seja, não há mais padres", confessa Muller. "Ou nós precisamos procurar uma nova utilização para a igreja que não é mais ocupada, ou necessitamos vendê-la". Apesar dessa realizada, o representante dos católicos se apressa em explicar que a venda não ocorre a qualquer preço.
REGRAS FUNDAMENTAIS
Em julho a Conferência de Bispos da Suíça publicou as normas e recomendações a serem utilizadas no caso da mudança de utilização de um templo da Igreja. Para ela o mais importante é evitar a "banalização" dos lugares que antes haviam sido sagrados."Mesmo se igrejas ou capelas deixam de ser lugares de culto, elas permanecer ao olhar da maioria dos fiéis como algo de importância simbólica e litúrgica", avalia Muller. Por essa razão a Igreja Católica determinou que as construções necessitam ter uma nova utilização, depois da sua venda, que esteja de acordo com os princípios cristãos e éticos.A primeira prioridade é vender os templos não mais utilizados a outras congregações religiosas. Por exemplo, o mosteiro franciscano de Arth (no cantão de Schwyz, na Suíça central) foi vendido à Igreja Ortodoxa Síria. Caso uma utilização nesse sentido não seja possível, os responsáveis analisam outras formas mais "profanas". Porém nesse caso também existem regras estritas a seguir: o respeito pelos princípios cristãos. Exemplos seriam utilizar as igrejas como espaços para atividades sociais ou culturais. "Transformar um templo numa discoteca é para nós algo de incogitável", declara o porta-voz da Conferência de Bispos.Também a reutilização dos templos como mesquita está fora de questão para a Igreja Católica. Justificativa: a venda não pode ocorrer para religiões que não sejam cristãs. "Preferimos demolir completamente a construção caso o seu caráter sagrado não possa ser preservado de alguma forma".
PROTESTANTES MAIS FLEXÍVEIS
O problema da reutilização dos templos não existe para os protestantes. "Não precisamos de regulamentos para vender templos que não são mais necessários", declara o porta-voz da Congregação de Igrejas Protestantes. Também a Igreja Nova Apostólica de Le Locle não fez exigências especiais a Saltarski. O jovem empresário fala mesmo abertamente sobre suas idéias como reformar o antigo templo para transformá-lo num confortável e espaçoso apartamento, possivelmente até mesmo com um bar próprio. Curiosamente apenas um banco não se mostrou muito feliz com as idéias de Saltarski. Eles recusaram o crédito para as reformas. A justificativa dada pelo gerente foi mais do que lapidar: "A reforma de uma igreja em uma casa privada é um projeto pouco típico". swissinfo, Anna Passera.
quarta-feira, 27 de maio de 2015
Obediência em ação!
A vida cristã é um exercício
diário. Exercitamos a fé, que é um dom de Deus, a fim de que sempre sejamos
achados sobre os cuidados do Pai. Se, portanto esta vida cristã é um exercício
precisamos treiná-la a fim de que não percamos a destreza dos atos e gestos que
são comuns e peculiares àqueles que desfrutam desta nova vida em Cristo.
João Calvino certa feita afirmou
que “em vão se tentam novas modalidades de obras para ganhar-se o favor de
Deus, Cujo culto genuíno consta só de obediência”. A origem do pecado no
coração do homem e da mulher sucedeu da desobediência. Hoje em dia a
desobediência ainda continua a ser o maior obstáculo da vida cristã, visto que
é o motivo pelo qual as pessoas ainda mais sofrem em seus equívocos espirituais
e morais.
Como tentativa de minimizar os
pertinazes e funestos resultados do pecado e do afastamento de Deus, muitos têm
criado falsos mecanismos espirituais acreditando que estes podem, de alguma
forma, intervir em favor daquele que os realiza. Estes mecanismos espirituais
são os cultos centrados mais nas pessoas do que em Deus, romarias, campanhas de
oração (da vitória, dos empresários, da prosperidade, etc.), objetos e amuletos
que são tidos quase que supersticiosamente por muitos crentes que acreditam que
isto ou aquilo lhes possa trazer algum privilégio e poder.
Somado a isso, nosso País assiste
a uma onda crescente de novas religiões que tentam trazer elementos da cultura
judaica, onde é comum encontrar pessoas desfilando com arcas da aliança, falsos
pastores vestidos como sacerdotes e construção de templos suntuosíssimos,
quando tentam substituir a obediência à Palavra por preceitos humanos vazios e
sem amparo bíblico.
Quando o apóstolo Pedro orienta
seus leitores a “estar sempre preparados para responder com mansidão e temor a
todo aquele que vos pedir a razão da esperança que há em vós” (1Pe 3.15), a
palavra “responder”, no original grego é apologia, que também pode significar
“defesa ou justificação”. Então, somos chamados a nos preparar para fazer uma
defesa segura de nossa fé. Esta defesa segura é cada vez mais necessária e
indispensável nos dias que seguem (2015), e ela só pode acontecer na medida em
que buscamos com diligencia um conhecimento profundo das Escrituras, e não
apenas parcial.
Precisamos na época presente,
mais do que nunca, de crentes bereanos como os de Atos 17. Os crentes de Beréia
eram atentos à pregação e à Palavra, e possuíam ouvidos exigentes, por isso,
procuravam ler as Escrituras para ver de fato se aquilo que estava sendo dito
era biblicamente certo. Do mesmo modo, viver em Cristo constitui viver em
obediência e obediência em ação. Não é apenas se dizer obediente, mas agir como
tal. Não é apenas ser um cristão nominal nem tampouco mediano, que está
contente com sua fé e acredita que o máximo que Deus pode realizar é aquilo que
ele tem experimentado de Deus em sua vida.
Ao mesmo tempo é imperativo que
permaneçamos cautelosos e com os olhos e ouvidos sempre dispostos para
apresentar ao mundo a razão da esperança que existe em nós exercitando a cada
dia, nossa obediência a Deus em plena e absoluta ação.
Portanto, mãos à obra!
domingo, 26 de abril de 2015
Nos Braços do Bom e Verdadeiro Pastor
Nos Braços do Bom e Verdadeiro Pastor trata sobre a parábola de Jesus em que ele
se intitula o Bom Pastor conforme o evangelho de João capítulo 10. Neste modelo
Jesus transmite aos seus ouvintes o seu interesse pelas multidões e destaca que
o verdadeiro pastor é aquele que oferece a sua vida às ovelhas, as conhece pelo
nome e intimamente e que busca a unidade do rebanho em toda e qualquer
circunstância. O texto traz uma reflexão crítica ao modelo de massificação de
igrejas presentes nos dias atuais no Brasil (2015).
segunda-feira, 13 de abril de 2015
Por que vou à Igreja!
Então você me faz a seguinte
pergunta... Por que você vai à igreja? Como pode você ir a um lugar tão
“retrógrado”, “estranho” e “alienante”?
Ao longo dos anos tenho visto
muitas pessoas não ter em grande conta a igreja ou mesmo a fé alheia. Talvez
tenham tido alguma decepção religiosa ou mesmo por acreditarem na inabilidade
da igreja e daqueles que nela vão.
Não sei ao certo quando foi a
primeira vez que fui a uma igreja, mas acredito que com poucos dias de vida
meus pais tenham me levado. Desde então, ao longo de 35 anos tenho participado
e me envolvido em tantas coisas da vida religiosa que certamente não
conseguiria enumerá-las aqui. Mas mesmo assim, durante os anos da minha vida,
que acredito ser curta, tenho vivido uma vida normal como qualquer outra
pessoa.
Estudei em algumas escolas, fui
aos escoteiros, fiz aula de Karatê e Judô, participei uma única vez de uma
corrida de rua e me senti o máximo por ter ganho uma medalha de participação.
Acampei, pesquei, fui ao cinema, andei muito de bicicleta, fiz muitas cabanas
atrás da minha casa, subi em árvores, levei muitos pontos pelo corpo por conta
de quedas, me cortei no arame farpado, pesquei, tomei banho de mar e lagoa, fiz
faculdade de Teologia e de História, namorei e me casei. Etc...
Hoje em dia, eventualmente, eu e
minha esposa recolhemos cães e gatos de rua, castramo-los e doamos para pessoas
de bem que tenham consciência de cuidado e proteção do mundo em que vivemos.
Enfim, nunca me senti estranho ao mundo, pelo contrário, sempre fui tão igual
aos outros seres humanos.
Muito embora eu e meus quatro
irmãos tenhamos sido criados em uma igreja protestante, nossos pais nunca nos
alienaram do mundo, pelo contrário, deram-nos bom senso e capacidade de
discernimento, e nós, somos muito gratos por isso.
Por que então estou dizendo tudo
isso? Só para informar que além de todas estas coisas fiz e faço durante minha
vida eu também fui e ainda vou a uma igreja. Mais... sou pastor presbiteriano há 11 anos e não me envergonho em nada por ser o que sou. Se sou, é porque escolhi
ser e sou feliz por isso. Continuo a ir na igreja e a fazer o que faço por
escolha minha e não porque sou compelido a isso.
Tenho dezenas de amigos que vão a
igreja e outras dezenas que não vão. Respeito as diferenças e não julgo as
pessoas por suas escolhas e decisões. Nosso Brasil é um Estado laico, quer
dizer, que não possui religião e que, portanto respeita e defende o direito de
todo e qualquer tipo de crença. Não me sinto, em nada, distante do mundo, e
alienado dele.
Meu nome é Matheus, sou filho,
irmão, tio, sobrinho, neto, um dia serei pai, e enquanto sou e serei todas
estas coisas eu apenas sou o que sou.
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