terça-feira, 15 de março de 2011

ERA MUITO BOM. por Matheus Felipe Santiago

Acabo de ler um livro de autoria de Rubem Alves que tem por título – Variações sobre o prazer. Neste livro o autor busca desmistificar a idéia de que o prazer deve ser algo restrito em nossa vida e de que mais vale sofrer do que sorrir. Segundo Rubem durante muito tempo nossa sociedade e até mesmo muitas igrejas, foram educadas a espezinhar o prazer como se a sua existência fosse a anulação da realidade de Deus. O fato é que por não entendermos a verdade do que seja o prazer, ficamos ensimesmado conosco mesmos e acreditamos que apenas a circunspecção é o caminho do pleno conhecimento de Deus. É neste contexto que muitas igrejas propalam aos quatro ventos doutrinas que visam anular o homem e torná-lo um mero participante da existência do cosmos. Também em muitas circunstâncias o prazer recebe uma conotação apenas sexual e do ponto de vista pejorativo, ainda mais depois destes dias de carnaval em que esta palavra, achincalhada, é lançada aos porcos, como se conotasse libertinagem. O homem foi criado como alguém que deve sentir prazer nas coisas que possui e faz. O relato bíblico da criação nos deixa bem claro que Deus ao final de cada dia quando terminava a sua obra dizia: e viu Deus que isso era muito bom (Gen.1). Ao final do sexto dia, Deus reforça o valor daquilo que ele havia feito afirmando que “...tudo quanto fizera, era muito bom” (vers. 31). Ao final de sua obra Deus sente um grande prazer por ela e se alegra com ela. Podemos ainda, pensar no prazer na dimensão do casamento. Deus deu ao homem a oportunidade de desfrutar na intimidade de uma relação conjugal, o prazer e a alegria. Por isso afirma “não é bom que o homem esteja só”. Deste modo, o prazer faz parte dos planos de Deus para a vida conjugal. Rubem Alves a certa altura fala ainda uma frase que toca profundamente e me faz refletir em demasia. Ele diz que “é preciso estar na iminência de perder as coisas para tomar consciência delas. A possibilidade de perder aguça a capacidade de sentir o gosto”. Fiquei pensando então que esta é a mais pura verdade. Nós muitas vezes deixamos de valorizar as pequenas coisas do dia-dia para valorizarmos apenas aquelas que são extraordinárias. Passado algum tempo é que vamos descobrir que o extraordinário é o ordinário, ou seja, é o comum e o corriqueiro que mais deixa marcas de valor na nossa vida. O livro de Eclesiastes também discute sobre a existência humana e sobre o prazer afirmando que não há nada melhor para o ser humano do que “...comer, beber e encontrar prazer em seu trabalho”, depois de afirmar isto, o pregador sem detença fala “E vi que isso também vem da mão de Deus” (Ecl. 2:24). Quando se fala sobre a importância do prazer em nossas vidas não se está querendo trazer à tona o conceito do hedonismo, doutrina grega que afirmava ser o prazer o supremo bem da vida humana, conceito muito presente em nossa sociedade (2011). Não! Não é isso! A vida humana é feita de cardos, abrolhos e flores. Muitas flores. O problema é que o ser humano se esquece de olhar para aquilo que há de bom e foca apenas naquilo que lhe traz angústia e dor. É tempo de aprendermos mais com os pequenos e simples prazeres da nossa existência. Um almoço em família. Um dia na praia. Uma viagem. Um gostoso café da tarde. Uma conversa fora. Uma caminhada ou pedalada apreciando a paisagem. Um bom filme. Uma boa leitura. E tanto quanto mais pudermos experimentar. Desta forma aprendemos com o nosso Criador a valorizar e sermos gratos pelo o que realizamos, até nas pequenas e simples coisas da nossa existência. Assim, ao dormirmos teremos a gratidão de olhar e dizer que tudo quanto fizemos durante o dia foi muito bom. Fique em Paz!

RENOVAÇÃO...

  “...transformai-vos pela renovação da vossa mente ...”. Rom 12.1-2   Cada situação nova que vivemos em nossa vida é a oportunidade que t...