Então você me faz a seguinte
pergunta... Por que você vai à igreja? Como pode você ir a um lugar tão
“retrógrado”, “estranho” e “alienante”?
Ao longo dos anos tenho visto
muitas pessoas não ter em grande conta a igreja ou mesmo a fé alheia. Talvez
tenham tido alguma decepção religiosa ou mesmo por acreditarem na inabilidade
da igreja e daqueles que nela vão.
Não sei ao certo quando foi a
primeira vez que fui a uma igreja, mas acredito que com poucos dias de vida
meus pais tenham me levado. Desde então, ao longo de 35 anos tenho participado
e me envolvido em tantas coisas da vida religiosa que certamente não
conseguiria enumerá-las aqui. Mas mesmo assim, durante os anos da minha vida,
que acredito ser curta, tenho vivido uma vida normal como qualquer outra
pessoa.
Estudei em algumas escolas, fui
aos escoteiros, fiz aula de Karatê e Judô, participei uma única vez de uma
corrida de rua e me senti o máximo por ter ganho uma medalha de participação.
Acampei, pesquei, fui ao cinema, andei muito de bicicleta, fiz muitas cabanas
atrás da minha casa, subi em árvores, levei muitos pontos pelo corpo por conta
de quedas, me cortei no arame farpado, pesquei, tomei banho de mar e lagoa, fiz
faculdade de Teologia e de História, namorei e me casei. Etc...
Hoje em dia, eventualmente, eu e
minha esposa recolhemos cães e gatos de rua, castramo-los e doamos para pessoas
de bem que tenham consciência de cuidado e proteção do mundo em que vivemos.
Enfim, nunca me senti estranho ao mundo, pelo contrário, sempre fui tão igual
aos outros seres humanos.
Muito embora eu e meus quatro
irmãos tenhamos sido criados em uma igreja protestante, nossos pais nunca nos
alienaram do mundo, pelo contrário, deram-nos bom senso e capacidade de
discernimento, e nós, somos muito gratos por isso.
Por que então estou dizendo tudo
isso? Só para informar que além de todas estas coisas fiz e faço durante minha
vida eu também fui e ainda vou a uma igreja. Mais... sou pastor presbiteriano há 11 anos e não me envergonho em nada por ser o que sou. Se sou, é porque escolhi
ser e sou feliz por isso. Continuo a ir na igreja e a fazer o que faço por
escolha minha e não porque sou compelido a isso.
Tenho dezenas de amigos que vão a
igreja e outras dezenas que não vão. Respeito as diferenças e não julgo as
pessoas por suas escolhas e decisões. Nosso Brasil é um Estado laico, quer
dizer, que não possui religião e que, portanto respeita e defende o direito de
todo e qualquer tipo de crença. Não me sinto, em nada, distante do mundo, e
alienado dele.
Meu nome é Matheus, sou filho,
irmão, tio, sobrinho, neto, um dia serei pai, e enquanto sou e serei todas
estas coisas eu apenas sou o que sou.