segunda-feira, 19 de outubro de 2009

OURO DE PARVO

Por Matheus F. Santiago - Publicado no Jornal Biguaçu em Foco em 15/10/2009

Graciliano Ramos, certa feita disse que as palavras devem ser escritas como as lavadeiras de Alagoas realizam seu ofício: "Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. Depois enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota. Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar”.

O grande escritor usou este exemplo típico para afirmar que as palavras escritas, e incluímos aqui as faladas, não servem para brilhar como ouro falso e sim para dizer verdades. E olha que falar de palavras verdadeiras num mundo em que nem tudo é verdadeiro é tarefa árdua.

Uma das grandes chagas da sociedade de nossos dias (2009) é o descrédito nas palavras. Por desacreditar de tudo o que ouve e por ouvir tantas mentiras, a incredulidade ocupa cadeira cativa no ideário da sociedade e desperta a desesperança nas pessoas.

Ouvir palavras estultas e vazias como as que ouvimos em nosso cotidiano, não são difíceis e tampouco exigem excessivo esforço para encontrá-las. Promessas políticas não cumpridas, previsões ora otimistas ora não, grandes descobertas, promessas religiosas, são tantas falações que nossos ouvidos já confundem sem saber distinguir entre aquilo que seja aceitável e aquilo que não seja.

Nas relações pessoais as palavras tomam ares de dubiedade e estas acabam por vicejar intolerância entre as pessoas. As palavras nem sempre soam uma verdade e quase sempre quando ditas, vem atreladas a insensatez humana que agrega desculpas, interesses e vontades pessoais.

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