(Publicado no Jornal Biguaçu em Foco - 27/02/2008)
Bernard Shaw, grande escritor irlandês, ganhador do premio Nobel, em 1925, foi o autor da célebre frase: “O maior pecado para com o próximo não é odiá-lo, mas ser-lhe indeferente; esta é a essência da desumanidade”.
A célebre parábola do Bom Samaritano (Luc. 10:30-37) narrada por Cristo aos seus discípulos quando lhes instruía à respeito do amor que vencia as barreiras e diferenças, mostrou as conseqüências catastróficas que esta fria sensação, chamada indiferença, causou tanto na vida daquele homem que estava à margem do caminho, estirado ao chão e moribundo, como também daqueles que por ele passaram e não lhe estenderam a mão.
Quando se fala de indiferença, trata-se dela sempre a partir da ótica do outro, dá-se sempre enfoque naquele que sofre a indiferença, mas quem sabe não seria oportuno analisar a indiferença não apenas a partir da ótica do que sofre, mas também, daquele que a pratica.
Seria razoável pensar sobre a vida humana de um modo geral, sobre os motivos que levam uma pessoa a agir com indiferença e, mais particularmente, o quanto eu e você somos por vezes indiferentes conosco mesmos e com aqueles que estão próximos de nós.
A indiferença dupla ocorre quando são praticadas ações que prejudicam a vida como um todo, tanto física como espiritual.
As pessoas são indiferentes consigo mesmas quando tem consciência de que determinados hábitos e costumes são danosos a sua saúde, ao seu bem estar e, ainda assim não procuram deixá-los. Pessoas agem com indiferença, quando acreditam que as conseqüências de atos praticados, impensadamente, não atingem a si mesmas e as pessoas que estão ao seu redor.
A meu ver a indiferença se personifica em muitos gestos. Existe um exemplo que pode ilustrar bem esta dúplice indiferença. Pode-se elucidar a indiferença dupla, com a história de um homem que conduz seu carro em uma viajem com a sua família numa rodovia movimentada e não duplicada.
Este homem sente-se seguro em seu carro potente, apresentando extrema confiança em sua habilidade de conduzir o veículo naquela estrada que para ele é tão conhecida. Para este homem, nada pode dar errado e justamente por este motivo ele resolve, num momento em que tudo parece tranqüilo, ultrapassar um caminhão muito lento que vai a sua frente.
Ele sabe que está com sua família no carro. Sabe que está próximo a uma série de curvas sinuosas e ainda assim, crê que tudo está tão seguro que nada poderá dar errado. Desta forma, segue seu intento ultrapassando o caminhão sem medir que o seu duplo gesto de indiferença poderia ceifar sua vida e de seus familiares.
Este é o homem que sofre da indiferença dupla. A dupla indiferença não é praticada por pessoas desconhecidas e distantes de nós. Encontram-se todos os dias pessoas que agem sem pensar e erram sem perceber que se tivessem um pouco mais de amor e cuidado por si mesmos e por aqueles que o cercam, não sofreriam tanto.
Pessoas que agem com indiferença dupla não notam que alguns segundos impensados podem ceifar ou transtornar toda uma existência. Por este motivo Jesus orientou-nos a que amássemos incondicionalmente ao nosso próximo, pois se não conseguimos amar aqueles que estão próximos de nós é porque não amarmos verdadeiramente a Deus e a nós mesmos. “Pois ninguém pode amar Deus, a quem não vê, se não amar o seu irmão, a quem vê”1ª João 20:4b.
Fique em Paz.
Rev. Matheus Felipe Santiago
rev_matheus@yahoo.com.br
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